major eléctrico


domingo, dezembro 31, 2006
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Compras 29.12.2006

Doctor's Cat «Gee Wiz/Crash» 12" Zyx 1984
«Crash» apareceu na «Elaste» e parecia Dead Or Alive lento com a voz dos Kas Product, estilizada e sexy. Um dos melhores grooves na «Elaste», épico, pop e electrónico. Lado A «Gee Wiz» mais perto da cena Italo habitual.
Planet P Project «Pink World» 2xLP MCA 1984
Uma prova irrefutável de como o lixo de uma pessoa é o luxo de outra. «Pink World» é um duplo álbum conceptual idealizado por Tony Carey, teclista dos Rainbow, sobre um rapaz que não falava mas tinha um culto de seguidores e lançou a bomba sobre o resto da Humanidade. Algo assim. Leiam o relato apaixonado de um fã aqui. O disco é quase todo FM muito penoso, com alguns pequenos interlúdios atmosféricos na linha de John Carpenter. Não justificam a compra, mas são bom material para mixtapes.
Giorgio Moroder «From Here To Eternity» LP Oasis 1977
Um dos clássicos Moroder, contém algumas das suas produções mais electrónicas e um dos melhores títulos de sempre: «I'm Left, You're Right, She's Gone».
C.J. & Co. «Devil's Gun» LP Atlantic 1977
Disco feito em Detroit, com caveiras na capa e licenciado pela Westbound dificilmente seria mau. Secção rítmica produzida por Dennis Coffey, Disco de tom Soul com partes instrumentais que apetece estender para um lado inteiro de um maxi (como acontece com Michael Zager Band), a voz nem sempre complementa bem o poder do groove, e é pena que a voz masculina de trovão que aparece num par de canções não seja A voz principal. Isso seria realmente fora.
Ozo «Mystical Hot Rocks» 2xLP Riot 1990
Subtítulo «1974-1984 classics from the future past». Cheguei a Ozo por «Anambra», em listas Cósmicas/Baleáricas, um tema lento e 'místico'. Esta compilação é dedicada a John Lennon, o que não revela absolutamente nada sobre o seu conteúdo. Na maioria, são temas dub/reggae feitos em Inglaterra, as intenções são de fraternidade e iluminação, mas a música é fraca. «Anambra» também não é TÃO impressionante como foi sugerido (mas percebe-se o impacto na cena Afro Cósmica), «Dreaming» é quase electro-funk, há uma versão de «Kites», e então o melhor são as faixas funk/disco: «Tales From The Bardo», «Spirits From The Living Dead» (melhor) e, de longe, «Night Of The Black Mamba». A vocalista pede que salvem o seu amor que se arrisca a morrer no pântano. Grande faixa Disco.
Peter Brown «Crank It Up (Funk Town)» 12" T.K. Disco 1979
Um dos hits de Peter Brown, não tão dominante nas listas como «Do You Wanna Get Funky With Me», mas este maxi, com as versões curta e longa, tem um crescendo instrumental contagiante, incrível. A voz não chega a estragar verdadeiramente nada, mas pode ser silenciada para aumentar a percentagem de entusiasmo. Groove sério!
Set The Tone «Dance Sucker» 12" Island 1982
Já tinha o álbum, cena electro-funk suficientemente bizarra e ao lado para não ser confundida com outros, mas este maxi prévio do trio inglês é perfeito: lado A misturado por François Kevorkian, cheio de arranques e quebras, tons electrónicos, breakdance e voz tratada, situado vagamente entre as produções de Kevorkian para a Prelude e a sua remistura para «Tour De France» dos Kraftwerk. Lado B são 9 minutos de puro minimalismo quase House (em 82), beatbox a dominar.

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quinta-feira, dezembro 14, 2006
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PODCAST 007: Psy 01

Mixtape originalmente gravada para ceder à Flur (pacote de Natal em Dezembro de 2006), mas rejeitada sem grandes justificações. Aqui na versão Director's Cut. Desta vez algumas faixas misturadas e mexidas. Link directo aqui, alinhamento aqui em baixo:

> Georges Albouze «Les Rossignols Le Jour» 1966
> Anar Band «Fantasma» 1977
> Osso Exótico «Lunar Circus Maximus» 1990
> PWOG «A Kind Of Prayer» 1995
> (Ciccone Youth «Me & Jill» 1988)
> Add Noise «Loose Wire (AC Version)» 2006
> Omar-S «C-J-A-I-P-U-R» 2006
> The Sophist «Eternal Performance» 1987
> Peter Frohmader «Waves» 1991
> Kassen «Etude II» 2006
> Kassen «Etude I» 2006
> Pigbag «The Backside» (33 rpm) ME edit 1981
> Public Image LTD «Track 8» ME edit 1981
> Smegma «Thru The Watery Evening» 1988
> King Crimson «I Talk To The Wind» 1969
> Ernesto Hill Olvera «Marta» 19??
> Simone Don «Honolulu International Airport» 1998
> James vs The Sabres Of Paradise «JAMJ (ii) Amphetamine Pulsate» 1994

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quarta-feira, dezembro 13, 2006
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Saídas #13.12.2006

FAT JOE/JA RULE/ASHANTI: Pavilhão Atlântico, 11.12.2006
Tínhamos de ver para crer: ou seria uma festa tremenda ou um flop maior que o pavilhão. Nem uma coisa nem outra e por isso lamentou-se o tempo perdido. As gralhas que encheram todos os anúncios e cartazes apenas encontraram eco numa organização que transpirou amadorismo em todas as arestas. Na entrada, o aviso do cancelamento de Busta Rhymes e Sean Paul transformou tudo num pequeno evento para duas mil pessoas com demasiado espaço em seu redor. Muita euforia, centenas de telemóveis de última geração em riste, demasiados "pawr-chuh-guhl" vindos do palco, e nada a dizer dos intervenientes - má música com mau circo.
LAMBCHOP: Aula Magna, 10.12.2006
As canções de Kurt Wagner parecem as de Leonard Cohen: há cada vez mais elementos sonoros translúcidos que deixam o esqueleto poético à vista. Contudo, Lambchop atinge essa simplicidade com complexidade, com arranjos e ambientes cada vez mais texturados, electrónica + country de Nashville. Oito músicos em palco, mais uma fã destemida por alguns minutos, e a voz de Wagner a ecoar no espaço de uma sala a meia capacidade. Muito de "Damaged", coisas do passado, e ainda uma versão de Sisters Of Mercy que, felizmente, me escapou ao escrutínio. Elegante e longo.
KODE9 + THE SPACEAPE: Musicbox, 09.12.2006
Depois de Boxcutter e Geiom terem tentado disfarçar a estranha ausência de público, Kode9 e Spaceape aglomeraram os poucos que por lá andaram e mostraram o real valor da sua arte. Começando com "Sign O' The Times" (o autêntico) como ponto de referência exterior, Kode9 largou no ar a sua versão "Sine" e os temas de "Memories Of The Future" para depois pairar por terrenos adjacentes à Hyperdub. Estrondoso. Duas horas de puro design sonoro, cheirando a novo, com os graves na potência certa. Na pista todos tentaram dançar, ninguém conseguiu mas ninguém se queixou.
TY/STEINSKI: Music Box, 08.12.2006
Ty chamou as pessoas para a frente, claro, e estas colaboraram com o MC durante todo o concerto. Parecia uma aula: "Eu faço assim, e depois vocês fazem assim, ok?" Muitas palmas, grandes ovações. Ty queixava-se do volume baixo mas fez tudo o que se pedia a um instrutor de dança, animou toda a gente com rimas que desconheço, fez dueto virtual com Roots Manuva e deu para ver, ainda, o seu DJ a cortar os beats e fazer scratch com CDJs em vez de vinil. Depois, Steinski demorou no set-up e, também, nada de vinil. A lição estava no portátil e, para mim pelo menos, foi uma desilusão formal. Ainda que as técnicas de cut-up de Steinski sejam muito coisa de estúdio, a observação de uma mão no rato e outra no volume/equalização não faz nada por mim se a matéria-prima não estiver lá: os discos. O que se ouviu foi uma mixtape old school (discutível até que ponto já estaria previamente preparada), funk latino, hip hop, freestyle, rock e pop comercial (na hora que escutei), com som deficiente a sair das colunas, muita confusão de beats para aquele som, a menos que se delire com a música que se ouvia, o que não é o meu caso. Não fiquei a saber mais. Depois, falta de público. Onde estão as pessoas?
MOHA: Zé dos Bois, 07.12.2006
O que tinha falhado no concerto anterior, resultou em pleno com os noruegueses Moha. Tempo e plano estratégico de ataque perfeitos num duo que apenas desilude nos detalhes. Ou melhor, no excesso de detalhes. Bateria armadilhada a um computador desfribilha a percussão em milhares de alternativas sonoras sem nunca estabilizar em nenhum padrão; guitarra eléctrica e orgão ligados a um número impressionante de pedais tenta acompanhar a bateria. Óptimo equilíbrio entre força e tensão, entre electricidade e processamento, não fossem eles membros de Ultralyd e Noxagt.
CONTADOR+CALHAU!+TRAVASSOS+MANUEL MOTA: Zé dos Bois, 07.12.2006
Reunião feita via MySpace entre Lisboa e Porto que provou duas coisas muito importantes: não se deve temer um ensaio e, na falta deste, uma estratégia de palco pode ser a salvação. Quando tudo falhar, o Tempo pode ainda ser o melhor dos amigos. Tudo falhou e só uma grande ginástica de 'editing' é que pode recuperar alguns sons saídos do bruitisme dos vinis, xilofone e efeitos de António Contador, das várias pistas gravadas e processadas do casal Calhau!, das interferências eléctricas de Travassos e da unificadora guitarra de Manuel Mota. Pelo que deu para perceber, todos aprenderam a lição, incluíndo o pouquíssimo público.

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Compras 12.12.2006

Sun Yama «Subterranean Homesick Blues» 7" Trans/Statik 1982
Não tem o «Sub dub» que vem em «Your Secret's Safe With Us» mas tem o, er, original da versão de Sun Yama para «Subterranean Homesick Blues» de Dylan. Não se conhece outra edição de Sun Yama, este single está nos ouvidos desde uma cassete com um programa de rádio de Felix Kubin em 1999/2000, por aí. Pop electrónica exótica com duas vozes masculinas quase em tom Flying Lizards, muito longe do que se pensa quando se pensa em pop electrónica.
Monsoon «Ever So Lonely» 12" Mercury 1982
Foi um hit na época e agora aparece relacionado com os sets de Daniele Baldelli. Ritmo conduzido por tablas, beat electrónico, voz de Sheila Chandra soa 1000x melhor a 33 (talvez fosse isso que Baldelli fazia), de resto demasiado próxima de entoações celtas para soar bem a estes ouvidos. Não.
Cruisin' Gang «Chinatown» 12" Zyx 1984
Começa por soar a Frankie Goes To Hollywood, synths épicos, linha de baixo muito em cima, o instrumental é Italo vintage com apenas um toque oriental que não estraga o groove. O refrão também não envergonha, mas as outras vozes de cartoon pedem para ser cortadas dali para fora. Lado B é uma balada no lado inteiramente oposto ao Italo Disco, lembrando uma má comédia romântica de Hollywood filmada nos anos 80.
L.B. Bad «Touch Me, Touch Me!!» 12" United Sounds Of America 1989
Depois do grande «L.B. Says», segundo maxi de Lamont Booker na colecção. Chicago jack com voz sexy no tema-título, óptima linha de baixo e stabs orquestrais decentes; a versão «Touch Me, Hurt Me!!» utiliza breakbeats para mais rudeza e estraga tudo. No lado B, «New Age House» indica, pelo título, nada de bom, mas depois ouve-se e são 8'10" de prazer em crescendo a fazer lembrar algumas produções dos irmãos Burrell para a Nugroove. Jack, também, mas pelo lado Deep House. Soberbo, e Lamont Booker neste disco chama-se The Prince Of Dance Music com alguma razão.
New Musik «Anywhere» LP GTO 1981
O único álbum de New Musik que nunca tive (apenas «From A To B» e «Warp», ambos desgraçadamente vendidos a meio dos 80s) e, sem ouvir, encarado como um elo importante que afinal não é. A pop electrónica de New Musik era especial, atmosférica e fora do eixo neo-romântico de 81, e, apesar de algum drama e tensão em certas canções do álbum, como «They All Run After The Carving Knife» ou «Churches», não tem o carisma de «From A To B» (1980) nem a maturidade de «Warp» (82).
V/A «Best Of Disco» 2xLP Malligator 1978
Nudez na capa, título muito duvidoso e subtítulo em grande estilo francês («The Cerrone's Productions»), mas esta compilação de coisas produzidas por Cerrone contém temas que, deste lado, são agora clássicos instantâneos: «Generique» e «Phonic», retirados da banda sonora para «Brigade Mondaine», «La Nuit Pour Nous» (Cristal), «Tatoo Woman» (Kongas) e «Standing In The Rain» (Don Ray). Outras coisas menos felizes e um tema quase incrível («Disco Radio» de Five Letters), com vozes tratadas mas demasiado feliz para ter real peso. Max Berlin, com «Dream Disco», também não impressiona. Mas «Tatoo Woman», em estilo Barrabas, tem força para fazer correr muito suor, «Generique» parece «Mammagamma» de Alan Parsons cruzado com Goblin, «Phonic» tem quase a estranheza dos beats de Boris Midney e «Standing In The Rain» é apenas um irresistível tema Disco!

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terça-feira, dezembro 05, 2006
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Saídas #04.12.2006

CAT POWER: Aula Magna, 04.12.2006
Provavelmente a Cat Power que todos queriam ver foi a que ficou sozinha no palco, a meio do concerto, sem a sua banda de palco automática. Mas a electricidade, o rock'n'roll, as danças ou as suas versões deixaram um sorriso na face de Chan Marshall que vale ouro. Estranhamente o rastilho que aqueceu a noite foi o groove rock, e não "The Greatest", disco demasiado indie Memphis para o quarteto que a acompanhava.
YO LA TENGO: Aula Magna, 03.12.2006
YLT foi sempre para mim uma banda pop, e não rock. Talvez por causa disso nunca consegui ser fã total. O concerto teve justamente isso tudo: o rock indie excessivo e os momentos de pop perfeita. A noite ficou paga assim que entraram no groove celestial de "Nuclear War" de Sun Ra, com o trio a deixar tudo a pairar enquanto saíam da sala pelos corredores. Momento perfeito, num concerto simpático.>
LISA GERMANO: Santiago Alquimista, 02.12.2006
Na sala errada para se ouvir Lisa Germano, em pouco tempo se percebeu que a magia da sua música tinha abafado todos os erros daquele local. É quase impossível acreditar que Lisa tem quase 50 anos de idade, ouvindo a sua voz, simpatia e arranjos miraculosos. Se "In The Maybe World" ganha pela simplicidade em relação a "Lullaby For Liquid Pig", este concerto a solo arrasou toda a sua discografia e mostra que a cantautora sabe bem mostrar-nos o essencial. Perfeito.
KEIJI HAINO: Zé dos Bois, 25.11.2006
Finalmente em Lisboa um dos mais iconográficos músicos japoneses da última década. A sua música e algumas das suas histórias de palco prepararam-nos para tudo e foi quase tudo o que ele nos deu - incluindo a intensidade sonora. Noise brutal, para lá do limite da dor, lanças eléctricas ancestrais, lamentos vocais, um discurso pessoalíssimo na guitarra. Foi longo, por causa disto tudo, e foi a única coisa que falhou.
BURAKA SOM SISTEMA + DMZ: Ateneu de Lisboa, 18.11.2006
O investimento perfeito na peça essencial das noites dubstep - o som - não teve acompanhamento na escolha do local. Toda a força necessária que explode dos graves fugiu para a atmosfera sem nunca mais voltar. O que restou foi apenas uma sala com sede de dançar e conhecer o que era isso do "dubstep", o que definitivamente ficou adiado para algures em Dezembro, quando Various Production e Kode9 visitarem Lisboa. Buraka, no final, mais não fez do que prolongar a agonia hi-fi da noite.

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segunda-feira, dezembro 04, 2006
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D Mars + ME: Lounge 09.11.2006



Boogie

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sexta-feira, dezembro 01, 2006
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Compras 30.11.2006

Status IV «You Ain't Really Down» 12" Domino 1985
House, para todos os efeitos, em 85, a sair mais autónoma da cena freestyle (Jellybean Benitez e outros). Voz soul (ou seja, House) na versão principal, depois instrumental e accapella. O tema foi reeditado em 2006 pela Sonar Kollektiv com duas misturas de Jazzanova, mas não se enganem, prefiram o original.
Thomas Leer «Private Plane/International» 7" Company/Oblique 1978
Na época de «Warm Leatherette», o outro single synth minimal era este. Muito aqui soa a Throbbing Gristle, inclusive a voz de Leer com entoação nasalada semelhante à de Genesis P Orridge. Desolação a preto-e-branco com beatbox e baixo marcado.
V/A «The Singing Detective» LP BBC 1986
Série de culto nos 80s, «The Singing Detective» (de Dennis Potter) passou na RTP em episódios semanais. Paranóia aguda em cenário detectivesco, entrecortada (e aumentada), como era habitual nas séries escritas por Potter, por canções clássicas que reforçavam o enredo. Cançºoes, na sua maioria, dos anos 30 e 40, peças geniais como «Paper Doll» e «You Always Hurt The One You Love» (ambas de Mills Brothers), «The Very Thought Of You» (Al Bowlly), «The Teddy Bears' Picnic» (Henry Hall) ou, especialmente, «It Might As Well Be Spring» (Dick Haymes). Mais sobre a série aqui (cuidado com os spoilers).
Steve Miller Band «Circle Of Love» LP (Mercury) 1981
Compra sempre adiada até que, enfim, aparece a 5 euros ou assim. Até melhor avaliação, todo o lado A é para esquecer. Único e grande motivo para ter o disco é «Macho City», 18 minutos que ocupam o lado B inteiro, atravessados desde que em 2000 o tema foi incluído na íntegra em «Disco (Not Disco)». Desde então, e recentemente, re-edits instrumentais de Dancin' Days e Rub-N-Tug fizeram tilt na memória. Se o início do tema é Steve Miller Band demais, FM demais, depois de poucos minutos tudo fica instrumental, carregado pelo baixo e efeitos, em velocidade narcótica (como hoje se usa?).

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