major eléctrico


quarta-feira, dezembro 13, 2006
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Saídas #13.12.2006

FAT JOE/JA RULE/ASHANTI: Pavilhão Atlântico, 11.12.2006
Tínhamos de ver para crer: ou seria uma festa tremenda ou um flop maior que o pavilhão. Nem uma coisa nem outra e por isso lamentou-se o tempo perdido. As gralhas que encheram todos os anúncios e cartazes apenas encontraram eco numa organização que transpirou amadorismo em todas as arestas. Na entrada, o aviso do cancelamento de Busta Rhymes e Sean Paul transformou tudo num pequeno evento para duas mil pessoas com demasiado espaço em seu redor. Muita euforia, centenas de telemóveis de última geração em riste, demasiados "pawr-chuh-guhl" vindos do palco, e nada a dizer dos intervenientes - má música com mau circo.
LAMBCHOP: Aula Magna, 10.12.2006
As canções de Kurt Wagner parecem as de Leonard Cohen: há cada vez mais elementos sonoros translúcidos que deixam o esqueleto poético à vista. Contudo, Lambchop atinge essa simplicidade com complexidade, com arranjos e ambientes cada vez mais texturados, electrónica + country de Nashville. Oito músicos em palco, mais uma fã destemida por alguns minutos, e a voz de Wagner a ecoar no espaço de uma sala a meia capacidade. Muito de "Damaged", coisas do passado, e ainda uma versão de Sisters Of Mercy que, felizmente, me escapou ao escrutínio. Elegante e longo.
KODE9 + THE SPACEAPE: Musicbox, 09.12.2006
Depois de Boxcutter e Geiom terem tentado disfarçar a estranha ausência de público, Kode9 e Spaceape aglomeraram os poucos que por lá andaram e mostraram o real valor da sua arte. Começando com "Sign O' The Times" (o autêntico) como ponto de referência exterior, Kode9 largou no ar a sua versão "Sine" e os temas de "Memories Of The Future" para depois pairar por terrenos adjacentes à Hyperdub. Estrondoso. Duas horas de puro design sonoro, cheirando a novo, com os graves na potência certa. Na pista todos tentaram dançar, ninguém conseguiu mas ninguém se queixou.
TY/STEINSKI: Music Box, 08.12.2006
Ty chamou as pessoas para a frente, claro, e estas colaboraram com o MC durante todo o concerto. Parecia uma aula: "Eu faço assim, e depois vocês fazem assim, ok?" Muitas palmas, grandes ovações. Ty queixava-se do volume baixo mas fez tudo o que se pedia a um instrutor de dança, animou toda a gente com rimas que desconheço, fez dueto virtual com Roots Manuva e deu para ver, ainda, o seu DJ a cortar os beats e fazer scratch com CDJs em vez de vinil. Depois, Steinski demorou no set-up e, também, nada de vinil. A lição estava no portátil e, para mim pelo menos, foi uma desilusão formal. Ainda que as técnicas de cut-up de Steinski sejam muito coisa de estúdio, a observação de uma mão no rato e outra no volume/equalização não faz nada por mim se a matéria-prima não estiver lá: os discos. O que se ouviu foi uma mixtape old school (discutível até que ponto já estaria previamente preparada), funk latino, hip hop, freestyle, rock e pop comercial (na hora que escutei), com som deficiente a sair das colunas, muita confusão de beats para aquele som, a menos que se delire com a música que se ouvia, o que não é o meu caso. Não fiquei a saber mais. Depois, falta de público. Onde estão as pessoas?
MOHA: Zé dos Bois, 07.12.2006
O que tinha falhado no concerto anterior, resultou em pleno com os noruegueses Moha. Tempo e plano estratégico de ataque perfeitos num duo que apenas desilude nos detalhes. Ou melhor, no excesso de detalhes. Bateria armadilhada a um computador desfribilha a percussão em milhares de alternativas sonoras sem nunca estabilizar em nenhum padrão; guitarra eléctrica e orgão ligados a um número impressionante de pedais tenta acompanhar a bateria. Óptimo equilíbrio entre força e tensão, entre electricidade e processamento, não fossem eles membros de Ultralyd e Noxagt.
CONTADOR+CALHAU!+TRAVASSOS+MANUEL MOTA: Zé dos Bois, 07.12.2006
Reunião feita via MySpace entre Lisboa e Porto que provou duas coisas muito importantes: não se deve temer um ensaio e, na falta deste, uma estratégia de palco pode ser a salvação. Quando tudo falhar, o Tempo pode ainda ser o melhor dos amigos. Tudo falhou e só uma grande ginástica de 'editing' é que pode recuperar alguns sons saídos do bruitisme dos vinis, xilofone e efeitos de António Contador, das várias pistas gravadas e processadas do casal Calhau!, das interferências eléctricas de Travassos e da unificadora guitarra de Manuel Mota. Pelo que deu para perceber, todos aprenderam a lição, incluíndo o pouquíssimo público.




1 Comentários:

em 5:48 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

as pessoas, meu caro major, andam a dormir, a beber copos no bairro alto, a catrispiscar-se umas às outras, a ver televisão, a fazer compras de natal e a fugir da realidade. A cultura que consomem, consomem-na porque alguém as convenceu de que vale a pena, ou de que é cool. Pelos vistos, o Roots & Routes não conseguiu convencer as pessoas de que o cartaz era cool, mas o problema é geral. Parece que os verdadeiros interessados na musica são todos programadores. Os que sobram são mais ou menos indiferentes e vão para onde quer que vá o rebanho (que raras vezes vai a algum lado que interesse). É triste. E preocupante.

 

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