major eléctrico


quarta-feira, janeiro 24, 2007
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New School (8)


Rick Wilhite vezes dois

3 Chairs «No Drum Machine Pt.2» 12" 3 Chairs 2006
Theo Parrish, Rick Wilhite, Kenny Dixon Jr. (Moodymann) e Malik Pittman (M. Pittman). Dois anos depois do álbum quase nada muda, e isso é tão sinónimo de bom. Pequenas variações sobre os mesmos padrões são suficientes para mudar o coração e atitude da música. Se «No Drum Machine Pt.2» e «Camillion» soam mais próximas do centro, «Babo» e, especialmente, «Congo Mambo» estendem de novo o horizonte na música destes produtores. «Congo Mambo» é uma jam lenta, africana e espacial em que House é apenas um pretexto para outra coisa muito para lá.
V/A «The House Of Muzique Volume 2» 12" Muzique 2006
Editora de Armando (RIP) e agora supervisionada por Steve Poindexter e Sun God/Jamal Moss, sempre do lado mais escuro de Chicago, apresenta novo showcase fora de moda. Lado A com 326 e um clássico de 89 e, depois, Sun God com remistura para Allen Wright faz jack sem piedade. Lado B com Gregory Kitt, o mais certo de todos, e DJ Jocko, o mais fora de todos: jack com tic tacs de drum & bass mas felizmente sem tornar explícito o break amen que enjoa agora ao primeiro contacto. Jocko faz nova ciência.
Gene Hunt «Gotta Get Away» 12" Philosophie 2007
Gene Hunt é um dos nomes que quem respira House tem alto. Edições na Trax, Svek, Nepenta e DJax garantem presença nos focos mais importantes de actividade há 10 anos e mais. Mas com «Gotta Get Away» será possível que não brilhe para além de quem ouve e sente na pele a cena Garage. Banal. Mas, no final, a mistura Deep In The Box, por Omar-S e Rick Wilhite reescreve tudo: a voz de Jocelyn H torna-se um eco sujeito a um filtro gigante que só se manifesta uma vez mas de forma profunda (genial), o pulsar electrónico é quase Pan Sonic, e tudo está assente num groove maximalista com base no som de congas. Improvável, e lindo de morrer como tudo bate TÃO certo aqui.
Intrinsic «Dream Express» 12" Emphasis 2006
Obsolete Music Technology «My Neurosis» 12" Emphasis 2007
Nova editora de Chicago. Intrinsic é Parrish Adams, «Dream Express» parece Basic Channel com o groove negro de Quiet Village (mais rápido), tudo denso e magnífico. Lado B «Tachyon» não pode ser chamado minimal gratuitamente, há demasiada dinâmica aqui.
Obsolete Music Technology é Steve Tang, o dono da Emphasis. «My Neurosis» é veludo Mr Fingers, mas Jamal Moss muda o fundo de veludo para chapa de metal, significando que as coisas deixam de ser tão fáceis de ouvir mas não perdem nenhum do sentimento. Lado B entre Acid e Detroit (não é que as duas coisas se excluam mutuamente), noção de futuro antigo.

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sábado, janeiro 20, 2007
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New School (7)


Newworldaquarium vê o que nós não vemos?

Arne Weinberg «Son Of The Sun» 12" Styrax
Desde 2001, um dos mais regulares produtores neo-Detroit a fazer a ligação com o Espaço. Intenso mas elegante, «Son Of The Sun» sai na berlinense Styrax e faz parte do aceso retomar da Deep House, sob várias formas, em 2005 e 2006.
Newworldaquarium «The Games That We Play» 12" New Religion 2005
Jochem Peteri produz desde meados de 90s, sempre no centro de actividade espacial na Holanda: Eevolute e depois a Delsin. «The Games That We Play» e especialmente o lado B «Energy» convocam a nuvem de partículas primordial que faz gostar de música cósmica quando nos envolve. Em quase nada, «Energy» tem tudo.
Sleeparchive «Hospital Tracks» 2x12" Sleeparchive 2006
À sexta edição sente-se claramente o cansaço numa fórmula que nunca foi sua. O que soava vibrante (não novo, mas vibrante) há 2 anos agora parece mera repetição de frequências e padrões, com uma notável excepção, neste contexto: «Diagnosis» podia ser uma faixa num disco de Deep House em 96/97.
Jus-Ed «R-U Feelin Me EP» 12" Underground Quality 2006
Um dos percursos mais interessantes de seguir durante o ano passado, House feita em Detroit segundo padrões clássicos. «43 Ambeant March» , «Project 36» e «7-27-62» garantem 75% de charme e consistência a este EP que só falha em «Rock On», um tema jack com simulação de guitarra muito feia.
Urban Tribe «Zombie Assault/Cyclotron Emissions» 7" Rephlex 2006
Primeira edição na Mo'Wax em 96, mas este este single de 06 concentra o poder de sugestão de John Carpenter com a ciência de Arpanet em duas faixas sérias e densas, subterrâneas.
Shackleton/Mordant Music «I Want To Eat You/Hummdrumm» 10" Mordant Music 2006
Shackleton é um dos nomes seguros da cena Dubstep. Aqui apenas faz o que se pode esperar: tom oriental em beats dispersos que depois ficam quase drum & bass. Pouco. Mas Mordant Music, no lado B, é outra coisa totalmente diferente. Teclas House/Rave no início com percussão tribal a fazer o resto durante quase toda a faixa, sempre em subida como se fosse chegar a um drum roll típico dos piores pesadelos Rave. Épico!
Mapstation «In The Loss Of Clarity Something Else Gets Heard» 7" Scape 2006
Dois temas jack com pequenas variações entre si, produzidos por Stefan Schneider de To Rococo Rot. Disparos ácidos muito discretos, pulsação de baixo a conduzir tudo. Ainda envolto na aura motorik que fascinou uma geração de músicos alemães a trabalhar em meados da década de 90 (TRR, Kreidler, Mouse On Mars, por exemplo) e a absorver o que tinha sido feito por compatriotas seus 20 anos antes. Bom!

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sexta-feira, janeiro 19, 2007
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Música na Twilight Zone: Whatever We Want



Na Twilight Zone pouco depois de aparecerem nas lojas, as edições da Whatever We Want (Brooklyn, NY) são sempre só para alguns: os mais rápidos e/ou os mais doentes. A raridade dos discos facilita o hype maioritariamente criado assim que se soube que havia música de Harvey na editora, e depois especulava-se que a editora seria de Harvey. Em dois anos criou-se um fenómeno. O site da WeWW tem a mesma mensagem há mais de um ano e, mesmo que não existisse, ninguém interessado teria problemas em saber onde comprar os discos. O preço exorbitante de cada maxi (cerca de 15 euros na maioria das lojas) reforça a exclusividade. Tudo parece pensado para bloquear o grande público e, em reverso, atrair os insectos que estão em cima das coisas. Não há propriamente uma distribuição normal para estes discos que vão directos para algumas lojas no Japão e duas ou três nem sequer na Europa mas apenas em Inglaterra, quase inexistentes nos EUA e, em Portugal, apenas a Flur conseguiu meia dúzia de cópias para satisfazer maioritariamente reservas. Depois a pergunta é: vale o esforço de procura, investigação e, hm, humilhação de pagar 50% mais do que é normal por cada maxi? Ou o facto de precisamente se pagar isso pelos discos obriga a justificar o gasto e a condicionar o gosto? Neste momento, a WeWW, como as melhores editoras de qualquer época, representa uma fatia importante de cultura contemporânea. O regresso às raízes significa "fazer música de dança a partir de música não de dança", mas o contexto é inteiramente outro do que existia em 1970 quando o Loft de David Mancuso começou a funcionar. Agora, a saturação é motivo mais do que suficiente para começar uma operação, virar para outro lado, agir por negação em vez de afirmação. Ou apenas, e aqui já não se pode falar de uma época específica, fazer aquilo que apetece e deixar os outros preocuparem-se com explicações.
Os discos de Map Of Africa e Quiet Village (três maxis cada) desaparecem pouco depois de chegarem às lojas, os primeiros porque têm Harvey, os segundos porque de alguma forma estão no centro de toda a nova cena Baleárica ou assim. Map Of Africa é a banda de Harvey e Thomas Bullock de Rub-N-Tug, e as três edições mostram sempre um lado A rock com traços visíveis de Led Zeppelin (Harvey na voz) e um lado B cósmico e lento, tudo impregnado do espírito surf que Harvey vive e, porque somos sugestionáveis, transmite através da música, aquela coisa de estar em paz e em contacto com o interior ou, nos momentos mais livres, andar por aí com a cabeça ao vento. «Gonna Ride», o último, é descartável até virarmos para o lado B e ouvirmos o mais permanente «Freaky Ways», o segundo melhor tema de Map Of Africa a seguir a «Map Of Africa» e uma das melhores canções ouvidas em 2006.
Quiet Village, às vezes complementado com Project, é a máquina de hype de Matt Edwards e Joel Martin, o primeiro suficientemente metido na pop e techno como Radio Slave, um dos mais aguçados produtores da era mash up a par de Richard X e Erol Alkan, e também, com o nome Rekid, a reformular a cena Cósmica para o presente. Joel Martin acordou verdadeiramente com a série «Ultimate Breaks And Beats», onde aprendeu que todos os géneros de música serviam o hip hop, depois estudou cinema, apaixonou-se por Disco, fundou uma editora com Matt Edwards, gravou uma mixtape chamada «Esoteric Disco», passou discos na festa do 60º aniversário de Eric Clapton e, com Cherrystones (ver Godsy), dedica-se à recuperação de bandas sonoras de filmes underground (compilou a música não editada de «Dawn Of The Dead», por exemplo, e supervisionou a música do recente «Shaun Of The Dead»). Quiet Village pode ou não ter origem em «Quiet Village» de Martin Denny, um dos discos fundamentais da Exotica, e é um pouco disso + zombies, cruzeiros de luxo, praia, filmes de surf, mansões assombradas, tudo em panavision quando se fecham os olhos para ouvir «Fragments Of Fear», a mixtape de QV para o Halloween de 2005. Audio de monstros atormentados, crianças malditas, vampiros sedentos e névoa como no «Nevoeiro» de Carpenter.
Como explicava Carlos Arias, dono da WeWW, "Godsy é Godsy". Os dois maxis na editora são praias de ecos, feedback e cordas de guitarra com memória directa para cenas shoegazer e vapor 4AD vintage. Os drones de Godsy estão numa zona inteirament diferente de Map Of Africa ou QV, e por isso são os únicos WeWW que ainda se encontram nas lojas depois de aqueles esgotarem. Godsy é Cherrystones, misto de Andy Votel e Barry 7 (Add N To X), dedicado a investigar breaks e diamantes psicadélicos (Cher a soar incrível em «I Walk On Gilded Splinters» na compilação «Cherrystones Hidden Charms», que também revelou a estes ouvidos os Shocking Blue). Cherrystones produziu coisas para a Twisted Nerve (lá está, Andy Votel) e Ninja Tune, e a passagem pelo Hip Hop parece inevitável para quem procura breaks a sério e quer fazer alguma coisa em sua homenagem.
Bobbie Marie é o produtor residente da WeWW (Thomas Bullock) e Rene Perez na voz. Três singles também, todos de 7", nenhum brilhante, demasiado rock cowboy, excepto o esmagador «Stay Away», lado B de «Rodeo». O último single apareceu de repente no final de 2006 apenas em lojas japonesas: «Demmie Marie» fez lembrar os novos DFA Prinz Horn Dance School, tão perto quanto o rock pode chegar de ser Jack (bom, uma aproximação disso, pelo menos), bom e seguro, mas «W.W.I.I.L.L.D.», o lado A, é apenas rock para noites de copos entre pessoas com melhor aspecto do que o habitual. Isso não é mau.
Bullock é também Otterman Empire, parece. O primeiro maxi ofereceu Doors e Dire Straits, o segundo inclui «Dharma», não se sabe bem de quem é o original, se é que é um original de alguém, e «Babylon And On», alteração de Aphrodite's Child, um original que Rub-N-Tug usaram em «Campfire» com efeito incrível mas aqui pesadamente filtrado e submetido a um beat Daft Punk que mata tudo. Feio. Mau?
Álbuns de Bobbie Marie e Map Of Africa anunciados há um ano, álbum de Quiet Village licenciado à Virgin para 2007, pode ser o ano em que tudo explode e ficamos a saber se ainda gostamos o suficiente do que está para trás, já que pode acontecer não gostarmos muito do que estará para a frente.

Na colecção ME:

Bobbie Marie «BB Gun» 7" 2005
Bobbie Marie «Rodeo» 7" 2005
Map Of Africa «Black Skinned Blue Eyed Boys» 12" 2005
Otterman Empire «Texas Radio/Private Land» 12" 2005
Quiet Village «Can't Be Beat/Pillow Talk» 12" 2005
V/A «Fragments Of Fear, Mixed With Blood by Quiet Village» CD 2005
Bobbie Marie «W.W.I.I.L.L.D./Demmie Marie» 7" 2006
Godsy 1 12" 2006
Godsy 2 12" 2006
Map Of Africa «Sound Of The Fens» 12" 2006
Otterman Empire «Babylon And On/Dharma» 12" 2006
Quiet Village «Circus Of Horror/Free Rider» 12" 2006

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quarta-feira, janeiro 17, 2007
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Lego: 10174


A série Technic da Lego é praticamente a única em que se toleram peças não clássicas, e algumas derivações, como certos modelos Star Wars de colecção, mantêm o desafio em níveis entusiasmantes para adultos que, admita-se, não têm qualquer vontade de brincar com os modelos, apenas olhar para eles. Depois do colossal Cruzador Imperial (maior set de sempre da Lego, 3104 peças, mais de 12 horas para construir) e outras óptimas naves clássicas em tamanho grande (X-Wing, Y-Wing e TIE), enquanto se espera que alguém dê o OK para o AT-AT em tamanho grande, foi lançado o AT-ST também em edição de coleccionador. 42cm de altura é porreiro para este transporte imperial que se via em «O Regresso de Jedi» e mesmo o seu ar trapalhão é compensado pela mecânica das articulações das pernas, apesar de estas, er, não andarem. Nas prateleiras de ME desde o Natal 2006.

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terça-feira, janeiro 16, 2007
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Ming (8): Greg Wilson, Lux 19.01.2007



O tecto do Legend, em Manchester, um clube onde Greg Wilson tocava em 82, parecia directamente inspirado na cena final de «Encontros Imediatos do Terceiro Grau» e isso, de alguma forma, enquadrava perfeitamente o nascente electro-funk que Wilson ficou conhecido por divulgar como ninguém. Leiam tudo o que é importante sobre Greg Wilson aqui.
Ming acontece antes e, talvez, depois do set de Greg Wilson.

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quinta-feira, janeiro 11, 2007
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Compras 10.01.2007: Bleep

Nightmares On Wax «Dextrous» 12" Warp 1989
Sweet Exorcist «Testone» 12" Warp 1990
Tricky Disco «Tricky Disco Remix» 12" Warp 1990
A Warp, em Sheffield, tinha consumido avidamente o que se havia passado em Chicago poucos anos antes, quando a House tomava forma e nome definitivo. Se os LFO são unanimemente considerados a essência do bleep, eles só apareceram na Warp com o número de catálogo 5 mas mesmo isso foi semelhante ao que acontecia em Chicago com os jovens produtores a levarem as suas demos a Ron Hardy no Music Box para serem testadas ao vivo. Só depois apareciam em disco. Mas já Nightmares On Wax e Sweet Exorcist, números 2 e 3 do catálogo, falavam por bleeps. Mais surpreendente no primeiro caso, já que, após o álbum de estreia, NOW avançaram numa direcção quase oposta, não tão surpreendente no caso de Sweet Exorcist, o duo de DJ Parrot e Richard H Kirk, ex-Cabaret Voltaire, ele próprio com parte da responsabilidade pelo que se ouvia em Chicago, até. «Testone» é construído em torno de um test tone de televisão, a forma pura do bleep, e uma voz sem emoção, logo no início, pergunta "If everything's ready here on the dark side of the moon, play the five tones". «Testthree» é o menos longo mas o mais dramático e empolgante.
Tricky Disco eram Lee Newman e Michael Wells, já com um passado no industrial com o nome Greater Than One, experimentavam com samples mais do que a maioria dos seus congéneres e é por isso que «Tricky Disco» pára antes de ser realmente bom: o bleep é cortado por saxofone e um coro de vozes esporádico. Claro que a Inner Space Mix é melhor do que a Saxy Mix, a linha de baixo pula mais.

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